Editorial: Os limites da hiperconectividade

Que atire a primeira pedra quem nunca se pegou olhando o celular em um jantar de família ou no meio de um filme ou série. Deixar o aparelho de lado tem se tornado mais difícil, conforme uma parte maior de nossas vidas migra do físico para o digital. Não espere que isso vá mudar. Pelo contrário. Se você acha que hoje já exageramos no tempo de tela, não vai gostar nada do que vem pela frente. O número de conexões diárias vai aumentar com o amadurecimento de tecnologias há anos no mercado e a rápida evolução da inteligência artificial.
Uma internet rápida e eficiente é o ponto de partida desse mundo ultraconectado. O 5G, depois de um início um tanto frustrante, parece agora estar próximo de entregar todas as inovações que prometia. Fábricas automatizadas capazes de detectar falhas em equipamentos antes que elas ocorram, diagnósticos médicos feitos à distância, beneficiando habitantes de regiões remotas da floresta Amazônica, e drones e robôs conectados, acelerando entregas, são apenas alguns dos exemplos.
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Outra área em pleno desenvolvimento é a computação espacial, que pretende eliminar as fronteiras entre o físico e o digital. A aplicação da tecnologia mais conhecida até agora são os óculos inteligentes de empresas como Meta e Apple. Mas essa é apenas a ponta do iceberg. Cirurgias remotas, treinamento de robôs humanoides e simulações com modelos 3D para a criação de produtos são os próximos passos.
As cidades inteligentes têm a proposta de unir todas essas pontas, elevando a qualidade de vida da humanidade e tornando a nossa existência mais sustentável. Na teoria, é maravilhoso. Já na prática…
Nunca estivemos tão conectados e tão solitários. Vivemos a era da (des)conexão. A tecnologia nos une, mas de maneira superficial. Temos centenas de seguidores e fãs e cada vez menos amigos. Aquelas ligações telefônicas carinhosas de aniversário foram rareando com os anos, transformando-se em mensagens via redes sociais. Dentro das redações, os telefones fixos foram aos poucos abandonados e hoje há quem acredite que é possível fazer uma boa entrevista por WhatsApp. Ao mesmo tempo, a necessidade de nos mantermos conectados a todo momento turbina a nossa ansiedade e faz disparar os casos de burnout.
Como sempre, é bom lembrar que tecnologia é meio, não fim. As possibilidades que se abrem neste momento são empolgantes e podem melhorar (e muito) nossas vidas. O desafio talvez esteja em aprender a fazer a tecnologia trabalhar por nós, em vez de nos tornarmos escravos dela.
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